O SABIÁ LARANJEIRA Sempre via aquele lindo sabiá, cantando naquela casa da ponte azul que ficava perto da minha. E ficava escutando fascinada o canto daquele pássaro, ele parecia perceber minha admiração por ele, que amava sua liberdade, e cantar para a natureza Um dia encontrei-o pousado, no chão do meu quintal, depois voou para uma mesa onde havia algumas frutas que eu havia lavado e colocado para secar. Peguei-o e o coloquei numa gaiola de talo de embaúba, e ele conseguiu se soltar. Mas voava para o chão novamente, me deixando intrigada. Eu tornava a prendê-lo e ele tornava a se soltar, e ia trocando gaiola, uma de bambu, outra de madeira e ele se soltava. Por último comprei uma de arame, ele sempre fugia e pousava no chão. Eu o pegava fazia carinho e o prendia novamente, ele corria o risco de ser pego por um gato, ou outro predador. Comprei uma gaiola maior e coloquei-o pela última vez na gaiola, já tinha desistido, embora estivesse já encantada por ele, tão lindo e vulnerável, que ficava me olhando com os olhinhos tristes, ora assustados, ora agressivo até me bicava. Arrumei pela última vez a gaiola com água, frutas, sementes, e coloquei o passarinho lá dentro, mas deixei a porta aberta, e não me importei mais se ele ia sair ou não, desisti de salvar o sabiá dos perigos lá fora. Então supreendentemente, o sabiá entrou, não forçou mais a saída, ficou no poleiro mais alto. A gaiola continuava no quintal, e eu já havia entrado para dentro de casa, quando ouvi o canto do passarinho. Ele cantava, entrava na bacia de água, tomava banho, bicava os alimentos e cantava, por lá ficando, não tentando mais sair. Ele acabou entendendo que não tinha mais condições de viver lá fora, suas asas estavam fraquinhas doentes, não permitia mais o vigor para voar, então ele reconheceu que eu havia dado para ele apenas amor, cuidado e carinho. E mesmo na gaiola resolveu ficar para preservar a vida e a sobrevivência. Percebeu que o mundo lá fora estava violento, injusto, malvado demais, por fim, preferiu a prisão, e o amor que lhe era ofertado, sem pedir nada em troca, apenas existir e cantar ... Não ia cantar mais na ponte azul, mas da gaiola dava para ver a casa e a ponte, e matar a saudade. TEMA BVIW: A casa e a ponte azul IMAGENS PINTEREST Norma Aparecida Silveira Moraes
Enviado por Norma Aparecida Silveira Moraes em 09/02/2021
Copyright © 2021. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. |