O CUIDADOR DE PESSOA COM MAL DE Alzheimer

       O CUIDADOR DE PESSOA COM MAL DE Alzheimer
     Só um cuidador de pessoa, com o mal de Alzheimer, pode mensurar o trabalho e o desgaste físico e emocional, que é acometida.
     O mal de Alzheimer é uma demência que acomete o idoso, mas pode acontecer com pessoas mais novas também a partir de 45 anos. A pessoa começa a ficar com mania, hipocondríaca e pode instalar o TOC (transtorno obsessivo compulsivo).
      Na demência, a pessoa cria um sistema também de como chamar atenção para sua pessoa, pois deseja atenção o dia todo, diz que vai morrer, quando deseja as coisas, e há a perda da memória. Quando está mais grave a pessoa já não cuida de sua higiene, não sabe contar dinheiro e esquece até que tem casa. Enquanto se está lembrando dos seus desejos é porque ainda tem um pouco de memória do agora, principalmente quando for muito possessiva com as suas coisas. A pessoa pega a mania de falar que suas coisas sumiram, que fulano de tal roubou seu dinheiro, panelas (se for mulher), seus sapatos, relógios, etc.
     Se você não puder fazer o que ela deseja na hora que ela quer, começa a gemer, reclamar de dor, pode gritar com você, até humilhar.
Eu meu esposo, e duas irmãs dele e maridos, estamos cuidando de D Lile, que está começando a ficar acometida desta doença. Quando ela deseja as coisas não esquece um instante e lembra e pede aquilo o dia todo. Pede remédio o dia todo, então quando ela está aqui em casa, costumo dar umas gotinhas de dipirona, mas se ela continua pedindo, descarto a dor, (que só está na mente dela) e dou TIC TAC, uma balinha.      Comprei uma pomada de arnica, destas de tirar dores nas pernas, e passo nas costas dela também, quando começa a reclamar demais de dores nas costas, que todos temos todos os dias, mas que para ela é dramático.
     Aliás, o cuidador precisa se acostumar com dramas, pois eles fazem mesmo, sem piedade do cuidador. Não querem tomar banho é uma luta. Preciso fazer barganhas para estimular, e falo que só dou remédio se tomar banho. Minha sogra ainda vai no banheiro sozinha, até toma banho quando está de bom humor e se falar que vai passear. É barganha o dia todo para estimular e impor alguma coisa. Ela tem saúde física, com pressão boa e não tem diabete ou qualquer outra doença, a ser refluxo. Mas dou bromoprida.
     Mas quando querem são pessoas mais doces do mundo, abraça, beija, conversa, adoram falar do passado, passear, andar de carro, comprar balas, (ela não é diabética), não gosta muito de visita fala que enche o saco, mas quando a visita só dá atenção para ela, aí sim, ela aprecia muito. Ama ser bajulada. Estou narrando porque estou pesquisando melhor essa doença e pretendo escrever um livro, pois meu pai está também.
     Muitas vezes ela pede alguma coisa que não podemos atender, aí ela começa a gemer sem parar e quer que chamemos as duas filhas. Como aprendemos o jeito dela, não chamamos, respeitando a semana de descanso delas. E muitas vezes quando dou comida, e ela está bem limpinha e faz estes tipos de “pirraça”, deixamos ela ficar gemendo um pouco, e ela para se ninguém atender, e pode se levantar e vir para sala aonde estamos para fingir que vai “morrer” ou “desmaiar”, como ela escolhe o sofá para fazer isto a gente sabe que está querendo nos manipular. Ela sempre fica aqui na sala normal assistindo TV conosco, e seu comportamento muda quando deseja alguma coisa. Ela gosta de andar o tempo todo, e a gente cansa. Não aguenta a energia deles, enquanto tem esta energia. Ultimamente minha sogra está mais quieta depois de levar alguns tombos, e trincar duas costelas, uma em cada tombo. Ela tropeça muito. Tem mania de amassar o sapato e fazer dele chinelo, tenho que ficar atenta sobre isto, e gosto de colocar sandálias de dedo nela.
     Ontem fez pirraça que não queria almoçar, que queria ir embora, (ela fica na casa dela durante a semana, algumas horas, é só atravessar a rua), tive que colocar o almoço na boca dela, dar fruta, enfim tudo. E logo depois ela estava boa, e andando novamente. Só faço isso, para que não fique fraca e morra de fome. Mas quando ela quer, alimenta o dia inteiro, é bem gordinha.
     Nem sei porque estou registrando todos os detalhes, talvez por causa do livro que vou escrever. Quando meu esposo fica bravo de verdade com ela, (sem paciência) fica comportada, e quieta. E muitas vezes briga com ele, ontem chamou ele de pão duro, bravo, chato. (risos), porque ela gosta de sair pela porta da sala, dar volta pelo quintal e entrar pela porta da cozinha. E faz isso muitas vezes ao dia, mas como já caiu meu esposo limitou estas andanças dela, o que a deixa ainda mais nervosa. Eu não aguento acompanhar as andanças dela também. Neste contexto segue a vida dela, e já fazem uns cinco anos, ultimamente, percebemos que ela está um pouco mais lenta para andar, por isso o cuidado de deixar ela andar menos. Ela muitas vezes inventa um monte de histórias quando deseja alguma coisa, ou até mesmo quando quer conversar. Mas há momentos de lucidez também, em que ela ama recordar a vida, o casamento, família, etc. Agora ela está na casa dela, com uma senhora, mas essa mulher, muitas vezes, passa apuros quando D Lile quer alguma coisa. Aliás, minha sogra ainda consegue ligar para nós, muitas vezes ela se cansa de andar no quintal ou mesmo na rua, e cisma que quer ver todos os filhos junto dela, então ela finge que está doente, liga para cada um, muda totoalmente a voz, e corre para se deitar. depois se levanta como se nada estivesse acontecido. Aliás a pessoa fica sem limite, e pouco sentimento pelas pessoas, só pensam em realização de seus desejos. Claro que ama os filhos, e deseja os três juntinhos dela o dia todo como se fossem crianças, e não tivessem famílias. Ela passa o dia realizando suas vontades, esqueci de dizer que ela é muito vaidosa. Assim é o dia a dia de uma pessoa com demência senil, ou seja, mal de Alzheimer. Alzheimer é o nome do médico que descobriu que os axionos e neurônios vão se entupindo com um tipo de proteína. Nem todos vão ter este male, pessoas muito inativas, podem ter.
VAMOS APROVEITAR CADA MOMENTO DO AGORA, POIS ENVELHECER PODE SER ÓTIMO OU NÃO.

Norma Aparecida Silveira Moraes

Enviado por Norma Aparecida Silveira Moraes em 17/12/2018

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