. MORTE DE MEU AVÔ
Estava eu com uns dez anos quando meu avô materno, Marcolino Conde de Paiva morreu... Falando um pouco de meu avô, era um homem bom e excepcional. Muito trabalhador, tinha uma pequena fazenda, na qual vivia de várias formas de trabalho de acordo com cada estação do ano. Tirava e vendia leite, e fazia queijos o ano inteiro, fazia rapadura, plantava e colhia café, tomates, milho, arroz, feijão, banana, engordava e criava porcos, etc., e assim ia vivendo. Ele era um homem muito honrado e bom para seus empregados. Sempre havia uns oito ou dez. Lembro-me, que ele dava almoço, café da tarde e janta para que os funcionários não ficassem com fome. Alguns moravam longe e dormiam em um local apropriado ou mesmo nos quartos da sala. Mas vida de meu avô Marcolino era muito corrida, administrando sozinho cada seguimento, sempre correndo atrás dos compradores e ainda trabalhando junto com os empregados na roça de café e outros. Seu aniversário era no dia 25 de dezembro. Nas férias a casa de meus avós maternos ficava lotada, pois todos os netos iam passar férias lá e mais alguns parentes da cidade. Quase tudo que consumia ele tirava da mãe terra, Mas no final de dezembro era uma festa em sua fazenda, casa grande e animada. Ele então, ia na cidade, para comprar algumas especiarias para colocar no arroz doce, e outros doces, açúcar e farinha de trigo para o bolo, etc. Lembro-me que o glacê do bolo ou cobertura era feita com açúcar refinado e claras em neve, com sabor de limão ou outro. Era uma correria da mulherada, umas limpavam a casa, outras faziam os quitutes como os doces, bolos, broas, biscoitos de polvilho, rosquinhas, matavam porco, etc.... Pois bem o motivo desta crônica meio longa, pois a emoção da saudade me faz escrever, mas para não cansar o leitor vou já contando. Meu avô nesta viagem trazia ao voltar os bolsos de seu terno cheios de bala, para ir dando para os netos que sabia do horário do ônibus e iam encontrá-lo. Pois bem neste dia estava armando chuva e as crianças ficaram em casa. Meu avô desceu do ônibus e esperava os cavalos que iria levar ele e a carga para sua casa. Naquele tempo era muito difícil quem tinha carro, meu avô tinha tropas de burros e muitos cavalos, mas carro não. Como estava um pouco atrasado, os cavalos, ele resolveu ir andando a pé um pouco, pois não gostava de esperar e o ônibus adiantou um pouco. Perto do ponto de ônibus havia uma casinha. Ele de repente sentiu muita sede e resolveu parar para beber um pouco de água. O morador já muito conhecido o fez entrar e esperar na sala. Quando o morador voltou o meu tão amado avô estava tombado no chão, e as balas caiam de seus bolsos. Ele teve morte, um infarto fulminante. A única coisa que disse, antes do morador ir na cozinha buscar a água é que estava muito feliz, com a casa muito cheia e que ia comemorar o seu aniversário. Conta minha mãe que uma árvore, um Angico, belo, frondoso e imenso que ficava ao lado da casa e que meu avô adorava, caiu sem motivo nenhum. Todos assustaram com o fato da árvore cair, e em seguida receberam a notícia que meu avô havia morrido. Dizem ser um mistério até hoje, pois a árvore não tinha nada de errado na raiz e nem nos troncos, e havia muitas árvores do lado da casa, na verdade uma matinha com nascentes de águas cristalinas, que ele conservava com muito orgulho. Esta árvore era a preferida de meu avô, e com ele ela teve sua finitude também. Será que habita algum tipo de espirito amigo em árvores ? Saudades eternas meu avô, meu padrinho querido, avô... Cresci tudo mudou, mas você permanece em minha alma pela sua luz e bondade, honestidade e carisma... Meu avô era um grande amigo... 20/07/15 Feliz dia do amigo... Me bateu uma saudade...acho que vivo de saudade...meu baú da alma é cheinho de saudade e amor que nunca acaba... Norma Aparecida Silveira Moraes
Enviado por Norma Aparecida Silveira Moraes em 20/07/2015
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