ALMA CABOCLA
ALMA CABOCLA Alma cabocla nascida do chão Em Minas Gerais, na Zona da Mata, rincão Infância junto aos animais, estimação Ajudando arar a terra para plantação De manhã bem cedinho, acompanha Buscando as vacar para o leite tirar Via o sol nascer naquela montanha Ficava tomando seu café com leite a olhar O orvalho da terra no inverno Molhando os cabelos e os pés e mãos frias Mas sempre cantando um verso Descalça sem e sem agasalho tremia Sempre inspirada seus versos fazia Levantava e com um lápis já escrevia Não se importava com a madrugada fria Perder a inspiração era o que não queria Ouvindo a voz do galo que cantava Logo o sol se levantando também A passarada que já saltitava Alma cabocla era triste porém Já trazia na alma a melancolia Um divagar sobre lá o quê Seguindo a vida solitária e triste ia Mesmo ante tanta beleza, porquê... O que a alegrava um pouco era a natureza Ficava horas vendo as plantas e flores A noite, nas estrelas e lua a beleza Sua alma já divagava sobre dores Dores do mundo que tanto ouvia falar Piedade do sofrimento ficava a pensar Não compreendia e começava a rezar Porque tanto sofrer na vida passar Pessoas passando fome doentes Desigualdade, lutas, tanto penar Outros tão ricos gozando contentes Não entendia as lutas de cada passar A terra é um lugar de expiação Desigualdade, guerras, injustiças Só assim se encontra alguma explicação Num mundo além deve haver mais justiça A cabocla cresceu e mais tempo passa a pensar Nas, mazelas da vida vive a estudar Diferenças, preconceitos a analisar Vida difícil, não tem como consertar Não adianta viver na ilusão Porque cada alma é um sentir Está cada dia mais duro o coração Ninguém sabe para onde seguir A violência e desigualdade, vidas ceifadas O individualíssimo, falsa liberdade Somente incertezas e dúvidas O consumismo, hipocrisia, falsa verdade Alma cabocla, assim continuará Escrevendo sobre o mundo e seu existir Nas crises existenciais meditará Enquanto ainda houver na terra seu porvir Mesmo estudando, crescendo Alma cabocla, raízes terá Chorar as dores do mundo na poesia Formando conceitos viverá Gritando para o mundo a esperança de um novo dia... (HOMENAGEM A UMA PESSOA MUITO ESPECIAL)
18/02/14Norma Aparecida Silveira Moraes
Enviado por Norma Aparecida Silveira Moraes em 18/02/2014
Alterado em 18/02/2014 Copyright © 2014. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. |